O comportamento dos edifícios de madeira com painéis de CLT face à ação sísmica é amplamente reconhecido, tendo sido, por exemplo, o sistema escolhido para a reconstrução da cidade de L’Aquila, em Itália, após o sismo de 2009.
O Eurocódigo 8 implica o cumprimento de dois requisitos essenciais: não ocorrência de colapso e limitação de dano, correspondendo respetivamente a Estados Limites Últimos e a Estado Limites de Danos. Em estados Limites Últimos, para além naturalmente da resistência, a capacidade de dissipação de energia desempenha um papal fundamental, traduzida no coeficiente de comportamento da estrutura.
De acordo com alguns autores, este coeficiente poderá atingir o valor de 4, embora mais recentemente alguns fabricantes sejam bastante mais conservativos a apontem somente para um coeficiente de comportamento de 2. A este respeito é importante frisar que o Eurocódigo 8 não inclui, na atual versão, disposições para este sistema construtivo. Este desempenho é possibilitado tendo em conta a dissipação histerética de energia que ocorre principalmente em zonas especificamente projetadas para o efeito, designadas por zonas dissipativas ou zonas críticas.
Nos sistemas com painéis de madeira este comportamento é conseguido nas ligações entre painéis, mas especialmente na ligação à fundação ou ao “embasamento”. As zonas dissipativas devem estar localizadas nas ligações, enquanto os elementos de madeira devem ser considerados como tendo um comportamento elástico-linear. Para permitir a plastificação cíclica nas zonas dissipativas, todos os outros elementos e ligações estruturais devem ser projetados com uma sobrerresistência suficiente.
Os princípios orientadores que regem o bom comportamento sísmico deste sistema construtivo assentam nos seguintes valores:
- Simplicidade estrutural;
- Redundância estrutural;
- Ação de diafragma ao nível dos pisos e das paredes;
- Massa reduzida (menor força de inércia);
- Capacidade de dissipação de energia nas ligações metálicas.
As paredes de madeira constituem-se assim como elementos sísmicos primários de contraventamento e resistência às forças horizontais, ligados por diafragmas rígidos ao nível dos pisos.
O Estado de Limitação de Danos é verificado pela limitação do deslocamento horizontal dos pisos. As paredes de madeira providenciam à estrutura o nível de contraventamento necessário para reduzir estes deslocamentos. Ensaios sísmicos realizados em edifícios à escala real comprovam o excecional desempenho deste sistema construtivo sob uma ação sísmica intensa e repetida.
Artigo redigido por:
Eng.ª Ana Costa | Direção Departamento de Construção Civil