CLT: Cross Laminated Timber – O que é?

Cross Laminated Timber

Cross Laminated Timber não é, apenas, um mero material de construção, mas sim um novo processo de construção.

A madeira lamelada colada cruzada (Cross Laminated Timber) é um material que nasceu em Zurique, Suíça em 1990, mas foi desenvolvido posteriormente na Áustria através da cooperação entre a indústria e a universidade.

Este material baseia-se no mesmo conceito de colagem de várias camadas de tábuas (lamelas) de madeira utilizado na produção de madeira lamelada colada, mas que, no caso do CLT, cola camadas sucessivas com tábuas dispostas ortogonalmente.

Disposição das camadas

Assim, uma das principais inovações do CLT assenta na produção de elementos em painel, ao contrário dos comuns elementos lineares, podendo servir como elementos quer de parede, quer de laje. Além disso, a configuração cruzada das lamelas de madeira permite atingir capacidades de resistência e rigidez mais elevadas, quer no plano, quer fora do plano.

As excelentes propriedades resistentes estão relacionadas com a sua composição interna maciça, composta pelas referidas lamelas cruzadas coladas, permitindo uma distribuição da carga de forma bidirecional. A elevada capacidade de carga, em conjunto com o reduzido peso próprio, permite elementos de elevada esbelteza, mesmo para vãos de grande dimensão. Em comparação com outros tipos de sistemas estruturais comummente usados na construção, este sistema oferece novas possibilidades em termos de transferência de carga. Ao contrário dos sistemas porticados em que as cargas são transmitidas predominantemente em fluxos unidirecionais, nas estruturas em painéis de CLT os elementos comportam-se como placas, sendo a transmissão da carga feita bidirecionalmente.

Os painéis podem conter entre três e sete camadas, possuindo sempre um número de camadas ímpar, de modo a criar um eixo de simetria na camada central.

O CLT é considerado como um material estável (dimensionalmente), uma vez que o cruzamento das lamelas restringe os movimentos higroscópicos da madeira quando sujeita a variações do teor de água (menos de 1% na direção das fibras e 2% na direção perpendicular às fibras). Para tal, é produzida com um controlo rigoroso do teor de água das tábuas que constituem o elemento, aproximadamente 12%, saindo da fábrica com um teor de água entre 10 e 14%.

O comportamento dos edifícios de CLT em altura quando sujeitos a ações sísmicas tem vindo a ser alvo de alguns estudos experimentais, os quais têm provado que este tipo de edifícios possui uma performance bastante satisfatória, apesar de muito dependente do tipo de ligações utilizadas.

O CLT apresenta, também, um excelente desempenho ao nível acústico e térmico e um bom comportamento face à ação do fogo.

O conhecimento, cada vez mais aprofundado deste material, possibilita, atualmente, a utilização de CLT em construção de edifícios em altura, atingindo-se níveis de qualidade, ao nível exigencial, excelentes.

Nos próximos artigos iremos explorar as capacidades técnicas deste material, a sua implementação em Portugal, bem como o papel que a construção em CLT pode assumir na redução da pegada de carbono indo de encontro às recentes políticas ambientais mundiais para o setor da construção, que visam a diminuição premente das emissões de dióxido de carbono. 

Artigo redigido por:

Eng.ª Ana Costa | Direção Departamento de Construção Civil

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